Discurso do Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, nas Cerimónias de Homenagem aos Heróis da Restauração e da Guerra da Aclamação, a 1 de Dezembro de 2016

Bandeira da Restauração junto ao Monumento aos Restauradores Bandeira da Restauração junto ao Monumento aos Restauradores
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Marcelo Rebelo de Sousa

O que nos une aqui hoje, é Portugal. O Portugal intemporal. Que viu um monarca vai para 130 anos, prestar neste Monumento homenagem à Restauração. E ao falarmos em monarquia, não podemos deixar de cumprimentar, o Senhor D. Duarte e a Senhora Dona Isabel, além do mais, herdeiros dos vitoriosos de 1640. Que testemunhou depois o gesto fundador do Governo provisório da República ao criar o feriado do 1.º de Dezembro, feriado que nunca deveria ter sido suspenso. Que assistiu a que dos anos 20 aos anos 70, se sublinhasse sempre com relevo a data simbólica da Independência Nacional. Que tem atestado as comemorações, ano após ano nas últimas 4 décadas, com um papel essencial do Município de Lisboa e também da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, de que me orgulho de ser membro, na sequência, aliás, de uma tradição familiar. Que agradece ao Movimento Nacional do 1.º de Dezembro, a que o Presidente da República se associa com plena solidariedade, aceitando o convite formulado pelo seu Presidente, o ter ajudado a fazer crescer um símbolo do nosso sentir colectivo.

Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, no uso da palavra
Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, no uso da palavra

O que celebramos e celebraremos sempre é a nossa Pátria e a nossa Independência. Independência política que tanto deve às nossas forças armadas desde os primórdios da nacionalidade. Forças armadas, que são o penhor dessa nacionalidade e garante do estado de direito e que merecem o inequívoco respeito de todos os poderes e cidadãos. Independência financeira e económica que exige rigor, crescimento, emprego e justiça social e recusa sujeições espúrias, subserviências intoleráveis, minimizações inaceitáveis, quando todos sabemos que as nossas e os nossos compatriotas são cá dentro e lá fora os melhores dos melhores. Independência ética que impõe o respeito da dignidade da pessoa humana, dos direitos e deveres fundamentais, da isenção, da honestidade, da transparência na vida comunitária e em particular no serviço público ou na gestão do dinheiro público.

Aqui virmos e aqui estarmos, traz também consigo um sentido de compromisso. Um sentido de compromisso passado de avós para pais e de pais para filhos. Um compromisso nascido em Guimarães e pelas terras onde arrancou Portugal. E que bom foi ver solenemente assinalado há 3 dias, junto da estátua de D. Afonso Henriques pela homenagem respeitosa dos Chefes de Estado de Espanha e de Portugal. O compromisso de fazermos um Portugal melhor. Melhor na sua vocação ecuménica de dar mundos ao mundo. De saber aceitar os outros e com eles conviver em todos os continentes. Um Portugal melhor, combatendo as injustiças que ainda flagelam a nossa sociedade. Um Portugal melhor não esquecendo aqueles, menos novos, que lhes devotaram vidas inteiras. Mas olhando para os mais novos, sabendo criar-lhes condições de futuro. Futuro, porque hoje celebramos o futuro mais ainda do que o Passado e o Presente. Chame-se esse futuro, universalismo humanitário, quinto Império feito de língua e de cultura e de gentes, Aliança entre a Europa, nosso berço e o mundo, nosso destino.

Deposição de coroa de flores, junto ao Monumento dos Restauradores
Deposição de coroa de flores, junto ao Monumento aos Restauradores

Futuro. Foi esse mesmo futuro que aqui nos reuniu hoje. Para que se possa cumprir o que é para nós indiscutível como foi para os bravos 1640. Um Portugal verdadeiramente independente. Um Portugal que não é uma abstração, um Portugal que é feito do somatório de milhões e de milhões de portuguesas e portugueses ao longo dos séculos. Aqueles que foram, os que são e os que hão de ser. Todos eles fazendo do nosso Portugal, um Portugal Eterno.

Vivam os heróis de 1640!

Viva Portugal! O Portugal de ontem, de hoje e de amanhã!

Viva o Portugal eterno!